Notícia

São Longuinho: soldado romano, monge e santo dos 3 pulinhos

15/03/2024

Hoje, 15/03, comemoramos a festa litúrgica do icônico Longuinho:

soldado romano que virou monge e é conhecido como o santo dos 3 pulinhos.

Por isso fizemos um resumo da sua história e dos locais onde ele e a Caminhos se cruzam…

“Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados. Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água” (Jo 19, 31-34).

O trecho acima é o primeiro em que Longuinho, ou Longinus (mesmo nome da lança romana), aparece nos Evangelhos. O último é o da sua conversão: “O centurião e seus homens que montavam guarda a Jesus, diante do estremecimento da terra e de tudo o que se passava, disseram entre si, possuídos de grande temor: ‘Verdadeiramente este homem era Filho de Deus‘” (Mt 27, 54-56).

Longuinho teria se convertido nesse momento, pois o sangue de Jesus espirrou em seus olhos, curando-o de uma infecção que quase o deixara cego. Alguns teólogos veem essa cura/conversão como uma metáfora, na qual os olhos do soldado se abriram à uma fé verdadeira.

Diante desse milagre, e dos acontecimentos que sucederam a morte de Jesus, o soldado se converteu ao CAMINHO como foi chamada a nova religião. Assim, ele desertou do exército romano e fugiu de Jerusalém – destino do Caminhos da Luz – para a Capadócia, onde viveu como monge até o dia do seu doloroso fim.

Na Capadócia, visitada pelo Caminhos de São Paulo, Longuinho teria difundido os ensinamentos de Jesus, ou do CAMINHO, como monge. Descoberto, foi denunciado a Pôncio Pilatos e condenado a morte. Torturado, teve seus dentes arrancados e a língua cortada antes de ser decapitado.

No tempo em que processos de canonização baseavam-se, quase que exclusivamente, em relatos de martírios, Longuinho se tornou santo mil anos após sua morte, quando o Papa Silvestre II (950-1003) oficializou a santidade. Mais precisamente no ano de 999.

Mas por quê invocamos São Longuinho quando queremos encontrar algo? Existem duas teorias. A primeira é relacionada à sua própria canonização. Como Silvestre II havia perdido parte da documentação do processo, ele rezou ao candidato à santo para ajudá-lo a encontrar os documentos.

A outra vem do seu – olha a ironia – tamanho. Antes de ser transferido para a Judéia, o soldado servia a corte romana em banquetes e festas. Devido sua baixa estatura, e a visão privilegiada dos objetos que caiam no chão, ele sempre os recolhia e entregava aos seus donos.

Daí teria vindo a fama do Longinus pagão em encontrar objetos, que foi transferida ao Longuinho santo. Os três pulinhos, por sua vez, são comumente associados aos brasileiros. Por falar nisso, a única paróquia que venera o santo no Brasil é a Nossa Senhora da Escada em Guararema/SP.

A festa dedicada ao santo em Guararema é um evento importante do interior paulista. A edição de 2024 é a 22ª e vai até o próximo domingo, 17/03. Confira a programação no Instagram da paróquia.

Durante nossas viagens cruzamos com Longuinho algumas vezes. No Caminhos Ibéricos que visita Portugal e Santiago de Compostela, por exemplo, apreciamos a estátua do soldado no Santuário do Bom Jesus do Monte: Patrimônio da Humanidade localizado em Braga.

No Caminhos de São Francisco que percorre a Itália central admiramos a estátua mais famosa do santo, que sustenta um dos quatro nichos principais da Basílica de São Pedro no Vaticano. Ela foi esculpida em mármore pelo italiano Gian Lorenzo Bernini no ano de 1638.

Já o Caminhos do Leste Europeu – que faz República Tchéquia, Áustria, Eslováquia e Hungria -, nos leva até o palácio de Hofburg em Viena, onde vemos “uma” das lanças de Longinus. Existem algumas versões dela ao redor do mundo, sendo essa a mais famosa.

Por fim, Longinus é um figurante importante nas obras que ilustram a crucificação de Jesus ao lado das Marias e dos ladrões “bom” e “mau”. Mas sua iconografia não se resume ao soldado romano munido de lança. Ele também pode ser representado como um monge segurando uma lanterna.

Esperamos que tenham gostado do fio tecido com informações da tradição cristã, de relatos históricos e matérias jornalísticas. Não se esqueçam, contudo, que a melhor maneira de aprender é viajando. Abraços em todas e todos. Com ou sem três pulinhos, São Longuinho, rogai por nós!